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Potykuru

Pedro Ortaça (2009)

Pedro Ortaça

Venho do oco das selvas
Ñende reta, tie kunumí
Carrego a cruz de lorena
E a legenda viva e plena
Da república guarani

Quem tem ama há de me ver
Jelva e caaguazú
Pura cepa missioneira
Transformado em corticeira
Com o suor de Ñangú mensú

A herança do meu povo
Não se apagou, está aqui
Foi num brujado chamamé
Viveu jaci jaterê
E el cururu jeroty

No musgo verde da pedra
De Ñandejá acuruçú
O pai das almas do mundo
Encerrou o elo profundo
De um missal porangatu

Na garupa de um caíque
Pescando piava e jundiá
Fico igual jaguaretê
Rastreando pilda e ierê
Que vem do lado de allá

E pensem a taitaguaçú
Intruso e espanhol
Vendo os caciques taurearem
E os anos pinga-pingarem
Neste relógio de sol

Assim, em noites luzentes
Com gritos de urutaú
Quando o rio jorra e espuma
A terra índia se perfuma
Se abrindo em potukurú

Na garupa de um caíque
Pescando piava e jundiá
Fico igual jaguaretê
Rastreando pilda e ierê
Que vem do lado de allá
Que vem do lado de allá
Que vem do lado de allá


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