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Saudade da Minha Terrra

A Voz da Poesia (0)

Odilon Ramos

Eu tenho andado sempre tão tristonho,
Tão solitário em meio a tanta gente,
Que francamente às vezes me envergonho
De parecer ao mundo indiferente
Sinceramente a minha dor é tanta
E é tão difícil padecer sozinho,
Esta ansiedade que me desencanta
A me seguir por todo o meu caminho.

"Coisa de velho" há de pensar alguém
Que não conheça a dura realidade,
Pois moço ou velho todo mundo tem,
Nalgum momento a dor de uma saudade,
Mas é que a minha está doendo tanto
E há tanto tempo já está comigo,
Matou meu sonho, emudeceu meu canto
E segue sendo meu pior castigo.

Era lembrança apenas no começo,
Boa lembrança é certo e na verdade
Virou desejo louco de regresso
Pra andar nas ruas da minha cidade,
Pra ver amigos e amigas de outrora
Que tenho ainda guardados no peito
E que não pude esquecer até agora,
Pois querer bem é o meu maior defeito.

Andar nos campos, pescar na lagoa,
Comer laranjas colhidas no pé
E aos domingos que coisa tão boa
Ir à igreja e renovar a fé.

Na primavera levantar bem cedo
Sentindo um clima de alegria e paz,
O cheiro bom das flores do arvoredo
E ouvir o canto de muitos sabiás.

Tomar garapa no cocho do engenho,
Provar cachaça recém alambicada,
Olhar pra serra lá de onde eu venho,
Eu não consigo me esquecer por nada.

Permita Deus, que ao retornar um dia,
Mesmo curvado com o peso da idade,
Eu possa ter um pouco de alegria
E me livrar de vez dessa saudade


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