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Milonga Missioneira

Canta Aureliano de Figueiredo Pinto (1978)

Noel Guarany

Quando canto uma milonga
Eu cresço uns metros de altura
Nem o minuano segura
Alma e cordas que resonga
Minha mirada se alonga
Quando largo cada verso
O amargo e o triste disperso
Num lírico manotaço
Cada sentença é um balaço
Às coisas do universo.

Com a milonga nasci
Lá nos pagos missioneiros
Payador e guitarreiro
Do meu rincão guarany
Amar a terra aprendi
Com mia guitarra na mão
Conheci muita lição
Que nos nega a sociedade
Monstrengo de faculdade
Tentam nos dar mais não dão.

Milonga que vem da pampa
De nobre estirpe gaudéria
Ora triste ora séria
Que na américa destampa.
Nos palacetes se acampa
Nasce e vive nos galpões
Redemunhando ilusões
Na alma dos cruzadores
Onde os poetas e cantores
Extravasam emoções.

És a prenda nacional
Quando te evoca o surenho
E nas mãos de algum nortenho
Que vem da banda oriental
No brasil meridional
És a lírica bandeira
Quando em rondas galponeiras
Um payador missioneiro
Num sapucai de guerreiro
Te evoca de mil maneiras.

E muitos tentam fazer
Chorando o que eu faço rindo
Se cantar tudo vem lindo
Se tocar vejam pra crer
Quem duvidar venha ver
Um missioneiro trovando
Sem querer estou louvando
A terra onde nasci
O meu rincão guarany
Que eu hei de morrer cantando.


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