Velhas EstÂncias
Na Hora do Amargo (1997)
Cesar Oliveira e Rogério Melo
Composição: roberto huerta
estão elas como grulhos de vigia,
grandes sobrados erguidos pra monumentos;
mangueiras de pedra preta velha, na cozinha,
alvas cortinas bailando num pé de vento;
nas varandas cadeiras de balanço,
e uma rede que se embala preguiçosa;
de onde se vê as garças no açude,
saudando o pago quando abrem suas asas;
ainda sinto nestas estâncias a magia, de bolear potro pelos banhadais;
onde o índio quebra faz de suas lides, pra si mesmo o mais belo dos postais;
um galpão grande uma figueira bem copada, a sombra boa de um pomar atrás das casas;
um horizonte feito cama de pelegos, aonde vai se deitar o sol em brasas.
velhas estâncias palanques da querência,
tem raízes profundas neste chão;
um crioulo reprodutor pra toda eguada,
e um fogo grande que nunca se apaga no galpão;
sempre há dentro da gente estas estâncias,
que traz um gosto das histórias dos avós;
e também uma lembrança, uma ternura,
caseriando na tapera que há em nós.