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Coplas Pra Um Dia De Chuva

Na Hora do Amargo (1997)

Cesar Oliveira e Rogério Melo

O vento norte trouxe a chuva no cabresto

chuva batida rolando no chão bagual

veio pra terra feito uma égua chucra

que não conhece a serventia do buçal

É num dia assim que se remenda arreios

se trança cordas num ritual sagrado

e se volta pra dentro de si mesmo

na quietude de um galpão enfumaçado

e se volta pra dentro de si mesmo

na quietude de um galpão enfumaçado


a água vai levando as folhas soltas

por pequenas corredeiras feito um barco

os quero-queros gritando em contraponto

a canção da saparia lá no charco

a cerração nos olhos encurta distâncias

a mão do vento guitarreia estranhos sons

não se vê canhadas nem mesmo esses trevais

que o gado manso vem buscar nos dias bons

nesta hora se tira tentos das loncas

não hay nenhum movimento de encilha

mangos e esporas dormem em ganchos toscos

dia de folga pra os cavalos da tropilha

se mateia quieto pra chover pra dentro

pra encher de paz o açude do coração

é um regalo um dia assim de chuva

pra quem tem a alma aquerenciada num galpão

é um regalo um dia assim de chuva

pra quem tem a alma aquerenciada num galpão


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