À Don Mário Villagran
Na Boca da Noite (2000)
Cesar Oliveira e Rogério Melo
"Mário Villagran Clavijo",
Nasceu na cruz de São Pedro
Crisou-se guapo e sem medo,
De se enredar nas amarras.
Já alcançador de garras
Pra um tal de Gilberto Pinto,
Guiado pelo instinto
Do choro desatinado
De algum xucro desbocado
Que perdeu o rumo da viagem
E deixou de ser selvagem
E de retoçar banhado.
Achou o destino perdido
No rastro deste matreiro
Que só por ser caborteiro
Pechou num buçal torcido.
Rédeas e basto benzido
Por mão de bruxeira louca
Pra domar potros da boca
E "amansá" bagual bolido.
Era taura pra um namoro
Sabia falar de amor
De cavalo boleador
Não "guentava" desaforo,
Num flete de pêlo mouro
"De atacá boca de beco",
Do Uruguai pra o "Campo Seco"
Bandeava capão e touro.
Tinha um cusco de parceiro
Que amadrinhava égua xucra,
Usava uma boina branca
Bem amoitada na nuca,
Numa tosa de manada
Boleava potros a pealo
Rebolqueando as três marias
Sobr eo lombo do cavalo.
Na culatra de uma tropa
Ou no fiador de um rodeio
De pingo erguido no freio
Se adonava do entreveiro,
"Don Mário" índio campeiro
Saltava de madrugada
Pra ver a estampa encarnada
Do sol nascendo faceiro.
"Don Mário" era um monarca
Se fez taura igual aos outros
Que andaram golpeando potros
Do "Sarmento" ao "Reculuta"
Mas porém desta disputa
Me resta o último grito,
"Don Mário" morreu velhito
Mas chegou no fim da luta.