Arranchado
Solito (1985)
Cesar Passarinho
Nessa colméia povoeira
Onde fiz arranchamento
Amarro fletes de sonhos
Nos palanques de cimento
Vou bebendo nostalgias
De sangua, pitanga e vento
/sesmarias de saudade
Não cabem num apartamento/
Quando a lua se debruça
No arranha-céu dos viveiros
Onde arranchei minha alma
No meu exílio povoeiro
/coiceia dentro do peito
Um coração caborteiro
Me sinto um pássaro preso
Na angústia de um cativeiro/
Um luzeiro imaginário
Na quincha de um céu nublado
Vai apartando o rebanho
De fumaça nos telhados
/e uma saudade de noivo
De campo e berro de gado/
Vou embora pra querência
Pra me arranchar no meu chão
Amanhã eu ponho anúncio
Nos grandes classificados
/vende-se um apartamento
No coração da cidade
A preço de ocasião
Por motivo de saudade/