A Vida do Romão Vieira
Figueira Amiga (1982)
Gildo de Freitas
Me chamam ramão viera
Me considero um guri
Tenho dezenove anos
E já muito progredi
Meu pai era um capitão
Com nove anos perdi
Por isso o meu sofrimento
Já começou por ali
Lá nas terras missioneiras
Foi o lugar que eu nasci
E ao lado da minha mãe
Quatro anos convivi
A morte também a levou
Me deixando por aqui
E a minha irmã mais velha
Ficou de encarregada
Recebia do governo
E tratava a criançada
E eu meio assim de escapada
Resolvi pegar a ponta
Sai que nem mosca tonta
Num sentimento profundo
E me joguei contra o mundo
Pra viver por minha conta
Passou a ficar mais feio
Quando de casa sai
Dormindo em ranchos alheios
Só eu sei como me vi
As vezes que fui ralhado
Escutei não respondi
Sempre com bons pensamentos
E com bom procedimento
Lutei na vida e venci
E hoje graças a deus
Estou ganhando dinheiro
E seguindo meus estudos
Para ser bom brasileiro
Eu sou cumpridor da ordem
E gosto, do homem ordeiro
Por bondade e inteligência
Assumi a presidência
De chefe dos motoqueiros
Respeito a mulher casada
E a menina solteira
Eu acompanho o balanço
E gosto da brincadeira
Eu vivo na capital
Mas a minha terra natal
É na divisa da fronteira
E lá pra terra missioneira
Com todo desembaraço
Recebam lá o abraço
Do amigo ramão viera