Prá Lá de Vadio
Xucro de Campanha (1998)
Gaúcho da Fronteira
Eu vou contar pra você como é que sou de verdade
Desde antes de nascer calminho barbaridade
Mais molóide que uma lesma, vergonha pra sociedade
Pra nascer foi coisa triste, lembrando dá um arrepio
Pobre da velha sofrendo, coisa igual nunca se viu
Quatorze meses na barriga, não nascia de vadio
Fui crescendo a despacito, pegando o jeito de piá
Resmungão e dorminhoco dava nojo até de olhar
Dormia sempre sentado de preguiça de deitar
Me levaram a um pai de santo pensando que era feitiço
Mandaram pra que eu rezasse pra sair daquele enguiço
Pedi ao santo que matassem quem inventou tal serviço
Me associei a cotrifolga, lá me sinto muito bem
Dias a dias parado é tudo que em convém
Sombra boa e água fresca nunca fez mal a ninguém
Ser vadio não é defeito, por isso eu vivo vadiando
Quando apita nove e meia ainda estou descansando
Me dá até uma dor nas pernas quando vejo um trabalhando
Tu também é vagabundo não te meta, não te atiça
Não me venha dando aula me ensinado rezar missa
Eu durmo até de olho aberto, não fecho só de preguiça
Devagar também vai longe foi Deus quem me fez assim
Mimosinho das gurias, bonitinho que é um jasmim
Fico grudado nas changas, vocês trabalham pra mim