Queixo Roxo, Minha Cruza
Levando o Sul nos Arreios (2007)
Walther Morais
Sou do lombo do cavalo e ademais pouco me importa
A fala de guampa trota e o grito da jacutinga
Que foi cantar na restinga pra não haver a hora morta
Agarro touro s aspa e o bagual pela cernelha.
Não tranço couro de ovelha se até com o vento arrebenta
Salta faísca das venta e fumaça pela zorelha
O curisco eu conheci muito antes dessa era
E o desengano da fera tirei de mango a chilena
Que até hoje a cantilena o meu sentido tempera.
Queixo roxo, minha cruza marca de bronze no couro
Vertente do bebedouro, cocho de sal e rodeio
No cinchador do arreio, mangueira e cova de touro
Cavalo que eu arrocino, sento o basto e quebro o cacho.
Muito mais tigre me acho, esbarra ou passa por cima
E até pro rancho da china, carrega a estampa de macho
Pelo lado de montar, só canhoto atira o laço.
Hay o tombo e o mangaço pra quem vem pelas caronas
Atado nas rucilhonas de pala inlhado no braço.
Em noite de lua clara, me agrada espicha um bagual
Pra isso tem um ritual de qual eu não abro mão
De atropela o redomão que há de ser certo e pontual
Queixo roxo minha cruza da picumã do galpão
Lavaredas dos tições cravador, tento e retovo
Pra forjar do índio novo se eternizar neste chão
Duma papada de touro me rebusco de maneia
Que apesar de cosa feia não é de se arrebentar
E o bucal de tamanduá que o domador apreceia.
De a cavalo m parece que campeiro no céu
E se tapeio o chapéu ás vezes pra desatá o laço
A certeza do meu braço ta na armada do sovéu
Entoce a minha chilena roçando nos alecrim
Meus deus do céu ta em mim a manha de ofícios outros
A liberdade dos potros é a estrada que não tem fim
Queixo roxo minha cruza, com sinal de palmatória
Catre e cavalo da historia onde deságua a vertente
Berçário da nova gente que inda te canta com gloria.