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Milongão de Madrugada

Pampa (2008)

Joca Martins

O galpão do meus arreios tem picumã na garganta
Por isso que logo cedo, pra madrugada ele canta...
Canta milongas de fogo, com lenha boa de aroeira
Na voz rouca das cambonas, alguma copla campeira.
O mate de erva nova recém clareia as janelas
E um galo preto abre o peito num moerão da cancela.
Parece que chama o sol que mete a cara em porfia
No horizonte acordando, com jeito de buenos dia!
Os pingos tudo na forma na volta do mangueirão
Esperam garras sovadas e rédea firme na mão
Pra depois n'algum aperto contra um brasino matreiro
Entenderem que na espora só anda pingo ligeiro.
Um baio marca de quatro por caborteiro relincha
É manso igual a espora que corta os fio da cincha.
E quando menos espera tranqueando de relancina
Agacha o toso pegando, pra tirá um cristão de cima.
Mas o campeiro que eu falo não é de quadro bonito
É daqueles que de foi feito, a tempo feio e a grito.
Dos que apartam campo a fora, a mango e bico de bota
E atropela em lançante, tirando boi dessas grota...
Por isso que o meu galpão tem vida nas madrugada
Fogo aceso, e uma milonga com as espora bem atada.
Pra o causo, nas precisão, entre um mate e mais outro
Precisar encilhar mais cedo e tirar as cóscas de um potro...


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