Estrada Velha
Ruas e Luas (1990)
Osvaldir e Carlos Magrão
Estrada velha
Pelo tempo esburacada
Velha herança
Retratada da lida que longe vai
Por quantas vezes
Eu passeicom a peonada
Em manhãs tão orvalhadas
Ao lado do velho pai
Estrada velha
Ladeada de barrancos
Hoje com cabelos brancos
Lembram a vida passada
Até parece que eu
Ouço a todo instante
O repique de um berrante
Num estouro de boiada
Ei boi Ei iá
Quanta saudade
Do aboio da peonada
Estrada velha quando o vento
Está soprando
Vejo a poeira levantando e já começo a imaginar
Uma boiada que de
Longe vem chegando
E alguém vem me
Chamando pra com ela viajar
Estrada velha só
Me resta do passado
O teu leito empoeirado tão
Cansado de esperar
Ouvir de novo
O berrante de um boiadeiro
Pra chamar os companheiros
Que não podem mais voltar
Ei boi ei iá
Caminha lento
Passo a passo pela estrada
Ei boi Ei iá
Quanta saudade
Do aboio da peonada
Estrada velha
O meu pai já foi embora
Pra onde qualquer hora
Eu também tenho que ir
Mas vou deixar
Por testamento um só pedido
Como derradeiro abrigo
Tua terra me cobrir
Estrada velha
Meu pedaço de lembrança
Me pordoe a insegurança
Dessa lágrima chorada
Não tenho muito
Pra deixar na despedida
Mas te deixo a minha vida como
Herança da velha estrada