Trem Magiar
João de Almeida Neto - Vol. II (1992)
João de Almeida Neto
É pua charrua. É lança que avança
Varando a noite silente
Fera ferida fugindo
Na direção do poente
O trem magiar vai passando
Centopéia iluminada
A trilhar a pampa nua
Plena de lua e geada
A palidez do povoeiro
Que vai no ventre da fera
Por vezes se ilumina
A ver os ranchos lá fora
Uma ponta de saudade
Um cheiro antigo de mel
Inveja a felicidade
Coberta de santa-fé
Na janela entreaberta
Do rancho de chão-batido
Suspira a moça campeira
A ver o trem tão querido
A miséria companheira
Da moça que nada tem
Lhe faz pensar que a fortuna
Viaja naquele trem
E o rancho ficou pra trás
Outros passam na janela
Sesmarias despovoadas
Também se mostram na tela
Para a moça foi o trem
Que sumiu na madrugada
Varando o ventre da noite
Plena de lua e geada
Polca/milonga
Letra: nilo bairros de brum
Música: mário barros
Intérprete: joão de almeida neto