O Louco
Companheira Liberdade (1985)
Cenair Maicá
Pelas ruas da cidade
Vai o perfil de campeiro,
Quantas marcas de saudade
Na expressão deste tropeiro.
E hoje a pé, despacito
Leva a tropa imaginária.
Maluco, a falar solito.
Estampa guapa e lendária!
Será que foi o progresso
Culpado desse descaso?
Ou se a vida sem regresso
Chega ao fim,tão triste o caso.
A realidade amarga,
Não traz a paz nos caminhos
E o louco ao findar à tarde,
Fala, canta, e ri sozinho!
E quando o cansaço lhe chega,
Se senta pelas calçadas,
E nem ouve a gurizada
Que lhe arrodeiam gritando :
- olha o louco! olha o louco!
Pois seus olhos de ternura,
Se perdem pelas lonjuras
A buscar novos caminhos.
Quantos tropeiros conheço
Que já não sabem o seu rumo
E cada passo é um tropeço,
Outra erva, outro fumo.
E neste mundo maleva,
De tão difícil guarida,
Quem sabe o sonho do louco
é melhor que outra vida.
Será que foi o progresso
Culpado deste descaso?
Ou se a vida sem regresso
Chega ao fim, tão triste o caso.
A realidade amarga,
Não trás a paz aos caminhos.
E o louco ao findar à tarde,
Fala,canta e ri sozinho
Fala, canta e ri sozinho.