Ofício Solidão
Oristela Alves (2006)
Oristela Alves
Rejane Fernandes e Chico Alves
De ouvidos sempre alerta
artista em cada cercado
o alambrador musicista
Afina os fios do aramado
As cordas do instrumento
Invadem campos distantes
Enfeitam moerões cativos
Perseguem os caminhantes
A família vai crescendo
Marcada pelo aramado
Que aprisiona gente e terra
Nos sete fios afinados
Em mansas noites de prosa
Ao abrigo dos galpões
O artista conta causos
Desse ofício solidão
Alambrador por herança
Gosto e profissão
Ama as coxilhas do pampa
Cercadas por sua mão
Sentindo o peso do tempo
Passa pros filhos, ciência
Ensina o som do alambrado
Mostra o valor da querência
Sabe que o homem do campo
Não tem lugar na cidade
Morre operário de obras
Sem sonhos, sem liberdade
Ama as coxilhas do pampa
Cercadas por sua mão
Alambrador por herança
Desse ofício solidão
De ouvidos sempre alerta
Marcado pelo aramado
Sentindo o peso do tempo
Ensina os sons do alambrado