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Não dou Sangue pra Mutuca

Renasce o Rio Grande (2020)

Os Serranos

Botei meus panos de festa
Tapeei meu chapéu na testa
De beijar santo em parede
Enchi meu cantil de canha
Comi uma colher de banha
Pra 'móde' provocar a sede
Dei de mão na oito soco
E assim num trancão de louco
Saí procurando farra
Total, eu não tenho dona
Me casei com essa cordeona
E nunca mais parei em casa
Total, eu não tenho dona
Me casei com essa cordeona
E nunca mais parei em casa

Sou igual lebrão, meu parceiro
Sesteio de olho aberto
Não sou piá, mas ando esperto
E sei desarmar arapuca
O modismo não me assusta
Sou espinho de japecanga
Não dou pescoço pra canga
E nem dou sangue pra mutuca

Tô mouro, mas sou pau ferro
Vou na coxilha e dou um berro
Paro rodeio solito
É bom chegar com jeitinho
Não te engana, que o véinho
É só tutano nos cambítos
Tóco milonga e rancheira
Valsa, bugio e vaneira
Chote com cheiro de mato
Sou amigo dos amigos
E quem não se der comigo
Te garanto que é caco
Sou amigo dos amigos
E quem não se der comigo
Te garanto que é caco

Sou igual lebrão, meu parceiro
Sesteio de olho aberto
Não sou piá, mas ando esperto
E sei desarmar arapuca
O modismo não me assusta
Sou espinho de japecanga
Não dou pescoço pra canga
E nem dou sangue pra mutuca

Quando chego num fandango
Já entro me chaqualhando
Abro a gaita e dou um floreio
Saio empurrando a peiteira
E a goela da botoneira
Rachando o salão no meio
De vez em quando dou uns gritos
Por que eu acho bonito
Quando o fandango se embala
Por ser flor de debochado
Num trancão de piá emburrado
Vou riscando o chão da sala
Por ser flor de debochado
Num trancão de piá emburrado
Vou riscando o chão da sala

Sou igual lebrão, meu parceiro
Sesteio de olho aberto
Não sou piá, mas ando esperto
E sei desarmar arapuca
O modismo não me assusta
Sou espinho de japecanga
Não dou pescoço pra canga
E nem dou sangue pra mutuca


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