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Um Pouco do Que Fiz

Galponeiro e Aporreado (2020)

Baitaca

Pro sacrifício da vida
Eu nunca dobrei minha espinha
Me tapava quando podia
E só comia quando tinha

Nos tempos que eu era peão
Saltava de madrugada
Descalço com os pés no chão
Nas manhãs branca de geada
Eu nunca adulei patrão

Nunca refuguei bolada
Sempre aguentei o tirão
Na braba lida pesada
Muita vez dormi no chão
Pra fazer minhas empreitada

Gritava de ficar rouco
Com o brazinu e o zebú
Nos verão era um sufoco
Lavrando de peito nu
Me lavorava no oco

Caçava muito tatu
Momento bom eram pouco
Na vida desse xiru
Arranquei doze tá de toco
Costeando o urubu caru

Grande abraço ao meu amigo
Luiz Politosque, era o proprietário
Dessa terra parceiro

Descorvarei abaixada
Tora de lenha eu partia
E muita vezes num banhado
Valu de apá eu fazia
Tinha o dedo calejado

De trabalhar em olaria
E muita vez quase cansado
De batalhar em quantia
Tijolo era cortado
Dez a doze mil por dia

O patrão dessa laria
Meu amigo, meu compadre Olivio Torres
É a testemunha e a prova
De que aqui não tem conversa fiada
Se escreve história verdadeira sagrada
Que retrata a vida de um próprio peão


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