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Canto de Quem é Campo

Estâncias da Fronteira (1999)

Luiz Marenco

Um vento, não sei de onde
De assombro, me deixa mal
Esvoaça uma ponte-suela
Gacha a orelha o meu bagual

Se ergue num redemoinho
Abrindo sulcos no macegal
Não fosse a graxa das corda'
Ganhava o lombo do pajonal

Não fosse um par de estrelas
Com lumes de pêlo e sal
Não fosse um mango descendo
Qual raio num temporal

O galpão dos meus invernos
Meu altar de picumãs
Garante o meu garrerio'
Pra inventar navegações

E se as penas me costeiam
Em algum semblante cinzento
Adelgaço curunilhas
Neste meu templo moreno

Campeiro, alma de vento
Mansidão de madrugadas
Feitiço de algum palheiro
Índias prosas de fumaça

Não fosse um par de estrelas
Com lumes de pêlo e sal
Não fosse um mango descendo
Qual raio num temporal

O galpão dos meus invernos
Meu altar de picumãs
Garante o meu garrerio'
Pra inventar navegações

Não fosse um par de estrelas
Com lumes de pêlo e sal
Não fosse um mango descendo
Qual raio num temporal

O galpão dos meus invernos
Meu altar de picumã
Garante o meu garrerio'
Pra inventar navegações


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