Nos Braços da Fandangueira
Poeta e Cantador (2008)
Dionísio Costa
(Dionísio Costa)
De bombacha e crina baixa, eu vou sacudir a graxa
Na lida ninguém me acha, que hoje eu me vou pra folia
Tem festança, trago e dança e a saudade não se amansa
Vou gineteando a esperança, de ver aquela guria
Mês passado no povoado, no entrevero d’um bailado
Com olhar embodocado, fez promessa de namoro
E na hora de ir embora, foi espichando a demora
Vendo eu cutucar a espora, sorriu engolindo o choro
Na vanera bem campeira, vou fazer subir a poeira
Nos braços da fandangueira, quero amanhecer bailando
Nem cachaça, nem fumaça, hoje vício não me abraça
Que essa vida logo passa e eu não vou ficar sobrando
Não receio ‘zóio’ feio, fui criado nos 'arreio'
E bagual que eu “dô’ um passeio, vira um pingo de patrão
Não é prosa, é pavorosa, minha vida é perigosa
Mas a lida mais custosa, é taurear a solidão
Por isso que me enfeitiço, com aquele olhar mestiço
Que à muito tempo eu cobiço, pra iluminar minha estrada
Firmo o passo no compasso, pra deixar de ser escasso
Um sorriso e um abraço, no fim de cada jornada