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Mulher Querência

Poesias (1995)

Nico Fagundes

Na querência do teu corpo
Tem coxilhas e canhadas
Cacimbas de luas claras,
Matas escuras fechadas
E dois cerros de granito
Com pitangas coloradas
Só eu sei achar o rumo
Dos atalhos e picadas
E bebo a noite em teus olhos
No frescor das tuas aguadas
E fumo a brasa escondida
Das coivaras e queimadas
Como quem acende um sol
No largo das madrugadas

Eu morro em ti,
E me enterro,
E ressuscito outra vez
Semente chuva e mormaço,
Berro de potro e de rês.
Gineteio sem espora,
Faço o que ninguém fez.
Coração de ressolana
Com um ovo guacho de indês.
Nas quatro luas campeiras
De volta em roda do mês:
Dono, patrão, bolicheiro,
Escravo, peão, e freguês.


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