Namoro de Corvo
Pago Lendário (2006)
Leonel Gomez
Num cerrito descarnado
Perau de pedra e de tuna,
Clareado de blanca luna
A moldura arredondada,
No arrancar da madrugada
Ja se via uma figura,
La no topo das alturas
Negra estampa apaixonada,
O verde pasto da pampa
Pelo sereno molhado,
E o casal apaixonado
Na noite de primavera,
Estar assim quem me dera
Cobicei de relancina
Pensando da triste sina
Do meu coração tapera.
Bombeava, bombeava o corvo pra corva
E ela com ar de ronronar...
Retinta como a cambona
Floreava o bico nas pena
E o corvo veio torena, vaqueano e cooperativa
Largou uma asa por riba
Abraçando a linda morena.
Lembrei de voltas passada
Dum pala preto que tinha,
E o galopito que vinha
Em direção ao povoado,
E sempre o mesmo bragado
Pingo de redea e de pata,
Lembrei tambem da mulata
Por quem tive enfeitiçado.
Assim se deu o romance
Pra quem se lembra o espanto,
E juro por qualquer santo
Inté por nossa senhora,
Que descobri nessa hora
A força bruta do amor,
E lhes juro sim senhor
Que corvo também namora
[bombeava, bombeava o corvo pra corva
E ela com ar de ronronar...
Retinta como a cambona
Floreava o bico nas pena]
E o corvo veio torena, vaqueano e cooperativa
Largou uma asa por riba
Abraçando a linda morena.