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Nem Pisoteando Não Morre / Vanerão do Pau Fincado

Matizes Ao Vivo (2019)

Grupo Matizes

Me chamam de caborteiro por não aceitar encilha
Trago de berço a mania de não viver cabresteado
Não nasci pra ser mandado, nem sirvo pra dar conselho
E quem eu tirar pra parceiro não peleia sem costado

Onde tem farra e o olhar das querendonas
Eu arrasto minhas choronas ao som dessa duas falas
Atiro o pala lá por riba da paleta
No tilintar das rosetas, vou me adonando da sala

Não tenho patrão nem dona e canto a alma que tenho
E, lá do rincão d'onde eu venho, riscado à japecanga
Obrigado é boi de canga que arrasta a verga pros outros
E eu já nasci pra ser potro, limpo igual água de sanga

Onde tem farra e o olhar das querendonas
Eu arrasto minhas choronas ao som dessa duas falas
Atiro o pala lá por riba da paleta
No tilintar das rosetas, vou me adonando da sala

Assim, vou levando a vida até que ela me leve um dia
Entre tristeza e alegria, só Deus mesmo que socorre
Enquanto os janeiros correm, eu vou cantando o que é meu
O que eu semeei nasceu, nem pisoteando não morre

Onde tem farra e o olhar das querendonas
Eu arrasto minhas choronas ao som dessa duas falas
Atiro o pala lá por riba da paleta
No tilintar das rosetas, vou me adonando da sala

Porque, na vida, eu nunca plantei espinhos
Por isso, colho carinho dessa lavoura que eu trilho
Por primitivo, meu verso calça o garrão
E há de brotar no galpão na garganta dos meus filhos

/

Sou nego véio, crioulo lá da fronteira
De segunda a sexta-feira, meu trabalho é bem puxado
Quase me mato na labuta, tipo bicho
Mas sou louco por um xixo, na crinuda bem grudado

Fim de semana, dou um jeito na carcaça
Passo um pente na gadeia pro bailão tô preparado
Lugar de baile china linda, eu que conheço
Já sei de cor o endereço é no salão do pau fincado


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