Fruto do Suor
Orelhano (1987)
Dante Ramon Ledesma
A terra nova era um paraíso,
O milho alto e os rios puros.
Dormia o ouro a cobiça ausente,
Era o índio senhor do continente.
Foram chegando os conquistadores,
Os africanos e os aventureiros.
O índio altivo se mesclou ao escravo:
Nascia um novo tipo americano.
O interesse fabricou carimbos.
O ódio à toa levantou paredes.
A baioneta desenhou fronteiras.
A estupidez nos separou em bandeiras.
Tenho um filho nessa terra,
Foi um amor sem passaportes.
Se o gestar foi brasileiro
Não me chames de estrangeiro.
Cada pedra, cada rua
Tem um toque de imigrantes.
Levantaram com seus sonhos
Um país que não tem donos.
O suor fecunda o solo e a semente não pergunta:
Brasileiro ou imigrante? Só o fruto é importante.
Não me sinta forasteiro.
Não me invente geografias.
Sou tua raça, sou teu povo,
Sou teu irmão no dia-a-dia.
Tenho um filho nessa terra,
Foi um amor sem passaportes.
Se o gestar foi brasileiro
Não me chames de estrangeiro.
Cada pedra, cada rua
Tem um toque de imigrantes.
Levantaram com seus sonhos
Um país que não tem donos.