Pago Santo
Jaguaretês (2018)
Luiz Carlos Borges
Quem não souber do pago santo de d'onde eu venho
Tenho prazer de lhes dizer de onde é que sou
Sou do garrão deste Brasil, sou missioneiro
Capim rasteiro que do nada se criou.
Trago na alma a cantiga do meu pago
Rondas de tropa, pastoreio e pó de estrada
Cantar de esporas num trotezito chasqueiro
Que um missioneiro não se esquece nem por nada.
Trago a querência na garupa do meu pingo
Cantar dos ventos nas cordas do violão
E uma tropilha de esperanças extraviadas
Entropilhadas vem pastar no coração.
Trago o calor do pai de fogo galponeiro
Braseiro rubro, por do sol que vai de por
Foi essa templa que me fez enraizado
Olhar voltado pro pavilhão tricolor.
Se por acaso estropiar o meu cavalo
Que eu não consiga prosseguir minha jornada
Há de ficar minha cantiga missioneira
Junto da poeira que se erguer n'alguma estrada.