Quando a Velhice Chegar
Gauderiada (1993)
Teixeirinha Filho
Ai, ai meu deus quando eu não mais cantar
Não viajar pela querência a fora
Não ver os campos e as verdes matas
Tenho certeza que os meus olhos choram
Não ouvir mais cantar os passarinhos
Desafiando o poeta que sou
//:vão me encontrar morrendo sozinho
Pobre poeta que o tempo apagou://
Agora eu vejo este tapete verde
Campos que acolhe a boiada pastando
Estas estradas que não tem mais fim
Este poeta percorre viajando
Quando a velhice branquear meus cabelos
As minhas forças chegarão ao fim
//:os campos verdes não poder mais vê-los
Lá na cidade o que será de mim://
Quando eu não ver uma roça plantada
Rios e riachos que correm do pago
Ver a poeira levantar da estrada
E uma chinoca me fazendo afago
Podem contar que eu estarei morrendo
Na minha casa dentro da cidade
//:a vida é curta eu estarei dizendo
Ai, ai, meu deus como dói a saudade://
Hoje sou novo, amanhã sou velho
Depois de velho se perde a paciência
Se eu poder me agarro num bastão
Vou me arrastando ver minha querência
Aí, então, respondo pro destino
Quando eu morrer me enterre num campestre
/:tomba um poeta que já foi menino
Sentindo cheiro da mata solvestre://