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Jeito Missioneiro

Um Taura do Rio Grande (2018)

Walther Morais

Sou missioneiro de cepa, crioulo lá da Palmeira
Onde bugio não é mico e perau nõa é ladeira
Trago na pele o bronze do sino das reduções
Tostado pelo Minuano e pelos sóis dos verões.

Meu serviço é de a cavalo nas domas e nas tropeadas
Nunca nego uma ajuda, nem corpeio a quarteada
Tenho um mouro bragado calçado nas quatro patas
Um destaque nos rodeios luzindo o freio de prata.

(Este é meu jeito missioneiro, este é meu jeito
Quando abro o peito eu faço tremer o chão
Este é meu jeito missioneiro, este é meu jeito
O meu defeito é pensar com o coração)

Eu só faço o que quero e o que Deus me permite
Só escuto o que me importa, não dou e nem pelo palpite
Tenho um campinho lotado, ovelha e gado de cria
Trabalho pro meu sustento na luta do dia-a-dia.

Não dependo de favor, de governo ou de patrão
Não entro em campo alheio se não tiver permissão
Nao abro mão do que é meu, se não for meu eu não quero
Se for pra um mate ou uma prosa, pode vir que eu te espero.

(Este é meu jeito missioneiro, este é meu jeito
Quando abro o peito eu faço tremer o chão
Este é meu jeito missioneiro, este é meu jeito
O meu defeito é pensar com o coração)

Falado:
Meu vício é mate, cachaça, carreira e jogo de osso
Se eu lido com o chinaredo é por gostar do retoço
No más, eu não sou melhor e nem pior que ninguém
Não precisa me adular, basta que me queiram bem.


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