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Romance da China Bugra

Sempre Teu (2018)

Álvaro Neves

Álvaro neves

Na ansiedade, de dizer o que eu sinto
Vou falquejando, passo a passo, a solidão
Vou retratando, impassível sentimento
Que se deflagra, desde a prima até o bordão
Vou contornando, à despacito o horizonte
Vendo repontes, colorados no olhar
E este calor, rubro da tarde que se adentra
Vem mormacento, até o rancho, se deitar

Mano a mano emparelha o peito em brasa
E traz no lombo, a quimera do meu passado
Feito carancho, que se achega, sem licença
Trazendo o gosto, de um amargo, já lavado
Sina deixada, pela china caborteira
Que tão matreira aceitou, o catre meu
Tão, de repente levando, porém embora
A alegria, deste olhar que se perdeu

O sebruno bufa, roçando o alambrado
E a cusca negra rosna, inquieta e desconfiada
Sentiu no pêlo, a solidão, na alma do dono
Que se arranchou, nesta milonga bordoneada
Sina malvada, de quem mira, noite e dia
A espera longa, que bem certo, um fim não tem
Sorvendo, o mate, da saudade e da espera
Da china bugra, que no horizonte não vem

Deixou no catre, o cheiro, do corpo trigueiro
E o vulto do olhar, moreno, cor da terra
Deixou o cheiro de duas tranças morenas
E esta saudade, que se alarga e não se encerra
Que o minuano espalhe, um dia, esta milonga
Livre nos campos, negra, qual assombração
Contando, o causo, daquela chinoca bugra
Que para sempre pealou meu coração


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