Meu Cavalo, Meu Amigo
Jeito de Galpão (2017)
Os Serranos
No lombo do meu cavalo
Me sinto um rei no trono
O meu flete me obedece
Tem respeito pelo dono
Fui eu mesmo quem domei
Aproveitando o talento
E a história do meu cavalo
É um fato que eu lamento
Foi num dia de rodeio
Chovia barbaridade
Meu pingo rodou comigo
Quebrou a perna na metade
Saltei de cima do potro
Que ficou ali no chão
Me olhando e esperando
Pela sua execução
O povo todo gritando
Presenciava o momento
Diziam: -Mate o animal
E acabe com o sofrimento
Eu olhava pro cavalo
O cavalo olhava pra mim
E a dor que ele sentia
Parecia doer em mim
Eu abracei o meu pingo
E ajudei a levantá-lo
E o povo todo pedindo
Que eu matasse o meu cavalo
Eu senti naquele instante
Quando amigo era meu potro
Mas amigo que é amigo
Não tira a vida do outro
"O gaúcho sempre teve o cavalo como seu grande amigo e jamais o matará."
Levei o potro pra estância
Cuidei dele feito gente
Amizade verdadeira
Não se acaba no acidente
Hoje, quando eu vou pra lida
Noutro pingo galopando
Escuto lá na cocheira
O meu potro relinchando
É a forma que o meu cavalo
Num sentimento profundo
Me agradece pelo gesto
Tê-lo deixado no mundo
Não monto mais meu cavalo
É verdade, eu lhes digo
Ele vai morrer de velho
Ninguém mata o meu amigo
"Eu e meu cavalo vivemos felizes pelos rodeios do Rio Grande."