Paleteando o Mouro Velho/ João Tatu
Esse Gaúcho Sou Eu (2015)
Gaúcho da Fronteira
Encilhei um mouro velho que apelidei de tarugo
E atei a cola do macho, bem no tranco do sabugo
Vou procurar bóia nova, chega de comer refugo!
Paleteia mouro velho tu não vai frouxar o garrão -
Quero beber água benta com gostinho de batom.
Num rancharedo de vila escutei uma cordeona,
Corcoveando uma vaneira que nem queixa redomona;
Pra mim que venho agachado com suor molhando a carona!
Pra mim que venho atrasado só lidando com os bichos
Pedi licença a gritei e mandei guasquear o xixo,
Nem que me rape o bocó, hoje eu vou frouxar o rabicho.
Dei de mão numa crinuda que me olhou de revesgueio
Fiz um convite esquisito e uma proposta no meio,
Amanheci de orelha murcha e a tchanga pedido freio
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Cheguei num baile de rancho, tava frio, meio garoando
Rapariguedo gritaram: - Olha ai quem vem chegando
Me atirei nos braços duma e já saímos cavocando.
Cavoca aqui, cavoca ali cavoca lá
E eu nasci pra ser tatu meu negócio é cavocar.
Saí que nem burro torto desconfiado me cuidando
E as velhas que nem coruja pelos cantos me bombeando
E eu fazia que não via e continuava cavocando.
Dono do rancho gritou: - Gaiteiro pode ir parando
Que eu vou contar a mulherada se não tem uma faltando
Porque lá fora eu vi um vulto esquisito cavocando.