Do Passado Pro Futuro
Com a Força Livre do Sul (2006)
Pátria Sulina
Letra e Música: Rogério Villagran
Não sei porque me pergunto
Mesmo assim, eu me questiono
Sem da razão ser o dono
Ou mesmo entender do assunto
Neste forte contrapunto
Que me alvorota o sentido
De campear algo perdido
No sem-fim das minhas ânsias
Que se perdem nas distâncias
De um tempo que foi vivido
Talvez seja porque o vento
Que sopra, varrendo o pasto
Queira destapar o rastro
De alguma tropa pesada
Talvez seja porque a egüada
Redomona do João Tito
Me faça apartar solito
Esta inquietude baguala
Que só o tempo embuçala
E arrocina ao despacito
Se tenho tempo, me aprumo
Por isso brigo e forcejo
Porque o que sei e o que vejo
São coisas do meu consumo
Sempre firme neste rumo
Tranqueio de lombo duro
Chapéu tapeado e seguro
Que a consciência do meu povo
Vive um tempo sem retovo
Do passado pra o futuro
Mesmo assim, ainda me indago
Por onde andarão os qüeras
Que domaram tantas feras
E moldaram este pago
Pensamento de índio vago
Mas que, na cincha, sustento
E que, por vezes, lamento
Quando um anseio adelgaça
Pois enquanto a vida passa
Mais me afasto deste tempo
Me paro e fico pensando
E imagino o sarandeio
De um taura bueno de arreio
Campo afora, gineteando
Me concentro, imaginando
Uma comparsa de esquila
A indiada campeando os pila
Na cadência dos martelos
Resquícios de um tempo belo
Que só o tempo aniquila
Se tenho tempo, me aprumo...