Da Xucreza do Meu Canto
Com a Força Livre do Sul (2006)
Pátria Sulina
Letra e Música: Rogério Villagran
Um chapéu de aba tapeada
Um par de esporas choronas
Um sonido de bordona
Se golpeando na encordada
Um baio de boca atada
Delgadito e redomão
Que, com nojo, pisa o chão
Se embalando nas ponteadas
Um laço de doze braças
Um sovéu de três ramal
A firmeza de um buçal
Que agüenta depois que abraça
Um grito que se adelgaça
Junto ao fiador de um rodeio
Volteando, num sarandeio
A lida bruta e machaça
Uma tropilha de mouros
Um largo grito de forma
Quem conhece, sabe as normas
E não refuga o estouro
Uma parelha de touros
Que bate guampa e forceja
Abre cova nas carquejas
Ergue poeira nos paradouros
Uma lida de mangueira
Numa tarde de mormaço
Uma noite pra o compasso
De milonga e de vaneira
Uma china candongueira
Com olhar de primavera
Dessas que boleia o qüera
Com manhas de feiticeira
Um rancho de estampa rude
De pau-a-pique barreado
Com santa-fé bem quinchado
É pampa e não há quem mude
Um galpão, na sua quietude
Que abriga almas de estância
E, às vezes, revela ânsias
As que tive e as que não pude
O entardecer colorado
O romper de madrugada
A lua, na água, espelhada
E o sol, no céu, palanqueado
Isto é o que eu tenho cantado
E à minha pátria eu garanto
Que o xucrismo do meu canto
Ficará sempre aporreado