Sul
Sul (2016)
Luiz Marenco
Pelas manhãs, a cerração anda tão baixa
Não se divulga o rancherio do Aceguá
Mas, por detrás dessas paredes de fumaça
Existe um Sul sobre uma linha que não há
Rosa dos ventos, quando aponta para o gelo
Não dá sinuelo pra quem segue essas estrelas
Se chega só onde as tropilhas de pelo
Atiram a anca contra o vento das geleiras
Gotas de pedras presas nas teias de aranha
Alma de inverno viajando pelos rios
Só tem direito ao braseiro das entranhas
Quem não sucumbe à violência destes frios
E há os que voltam sem achar e são tão tristes
E há os que cismam com o tempo do depois
Mas eu, que vi e que toquei, sei que ele existe
Ainda que, às vezes, eu duvide de nós dois
Ainda que, às vezes, eu duvide de nós dois