Filho da Pampa
Iedo Silva (2004)
Iedo Silva
Oigale-te vento norte vai chover já ta com jeito
Meu chapéu entorta a aba e o lenço bate no peito
Tostado trocando orelha bate casco estrada a fora
Vou escutando o tinido das rosetas das esporas
Nasci no berço da pampa e a querência me criou
O tempo me fez gaúcho e o rio grande me adotou
Tenho dois cachorro amigo e meu tostado de raça
Arranquei guampa de touro num golpe de doze braças
Já amansei potro de em pelo, já pelei e já fiz de tudo
Sou grosso por natureza que nem soveu cabeludo.
O lombo de um aporreado me embalou quando guri
Foi no colégio do mundo onde estudei e cresci
Num corcovear de vanera aprendi ser bailador
Chora na orelha da china numa carteada de amor.
Nesta jornada baguala o tempo é meu companheiro
Me vou cruzando horizonte e o destino é meu ponteiro
No pensamento um sinuelo apontando o rumo certo
Onde minha tropa de sonhos vai pastar num campo aberto