Vaneira do Cantador
Campeirismo 10 - pra quem vive de bombacha (2015)
João Luiz Corrêa
Luciano Maia/ Gujo Teixeira
Eu ouvi pelo rádio, o anúncio de um baile, na Estrada do Povo
Encilhei de novo meu pingo franjudo que eu tinha soltado
Esqueci o compromisso, firmei a espora, num trote chasqueiro
Que um pingo estradeiro, conhece o caminho onde mora o pecado…
Eu atei o meu mouro na porta da sala, bem junto a ramada
Inda de cola atada, de cincha bem frouxa e os pelego virado
Já ouvi de longe o Maneco da gaita, um violão e um pandeiro
E pra entrar no entreveiro, eu disse ao porteiro que vinha apressado.
Foi então que o Maneco abriu bem a gaita, e eu abanei o pala
E ele anunciou pra sala que o cantor do baile, chegou atrasado
Eu me fui lá pro palco, ajeitando a melena e o chapéu com poeira
E na mesma vaneira, eu abri bem o peito nuns verso rimado…
Fui cantando o Gildo, o Walther Morais, o Marenco e os Monarcas
E floreando outras marcas, que a gaita pedia um pandeiro surrado
Ajeitei minha estampa de índio campeiro, de pala no braço
E estendi um vistaço, cuidando a morena na mesa do lado…
Não é fácil paisano, seis horas de baile na fanta com canha
Pra um peão de campanha, que lida com potro e banho de gado
Pra ajudar no salário, nos fins de semana “se péga” de artista
E a segunda tá vista, é ressaca, e os cavalos de lombo inchado…
Mal deu fim no fandango, “amuntei” no mouro, ali na ramada
Dei de rédea na estrada, e o dia clareando com um sol desbotado
Esse pingo que eu falo, conhece na volta uns atalho bem lindo
E eu fui quase dormindo, lembrando a morena, do baile passado…
“não é fácil paisano… na volta os “óio” vem pequenininho, e o coração deste tamanho…”