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Prelúdio de Fé no Trigo

30 Anos de Coxilha Nativista (2010)

Jorge Freitas

Letra: Jorge Nicola Prado (Cigano)

Ele veio de longe,
Tinha louras melenas
Que ondulavam serenas.
Ventos imigrantinos...

E arranchou nas coxilhas,
Irmanado aos minuanos,
Converteu campechanos
Pelos pagos sulinos.

E se fez tão gaúcho, que, na tarca do tempo,
Foi herói do relento. Nova lida ao peão.
Pelas terras vermelhas, cantilena de cascos,
Entre mate e churrasco, olha a verga, pinhão.

Cremos na gente
Que traz no trabalho
A sina do orvalho
E a vida pra o chão.

Cremos na terra
Na ideia-semente,
Lavoura consciente,
No trigo pra o pão.

N'aquarela dos dias
Se pintou o motivo.
E o trigal tão festivo
Já não cobre o rincão.

E, nas vozes do vento,
Há prenúncio de fome.
Se lembrança tem nome,
Olha a verga, pinhão!

Hoje, tanto povoeiro negaceia sustento
Na procura de alento, pela angústia das filas.
"Velho cacho campeiro", volte ao pago que anseia.
Volte à mão que semeia. Seja o hino das vilas.


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