Na Hora do Mate
Um Canto Meu (2007)
Miro Saldanha
Cansado de estrada e da vida cigana
Que a sorte mundana reservou pra mim,
Juntei uns trocados da lida tirana
E ergui o meu rancho, de barro e capim;
E é onde me sento, já de mate feito,
Pois, pra ser perfeito, tem que ser assim,
Pra aquecer a alma no sol que ainda arde
E olhar a tarde tranqueando pra o fim.
REFRÃO
Na hora do mate, refaço caminhos
Que o tempo daninho teima em apagar;
E, ao sabor do mate, repasso lembranças,
Renovo esperanças pra, de novo, andar!
E, quem sabe, um dia, nesse beijo amargo,
A morte, “a lo largo”, me encontre a matear
E eu vire uma estrela que, no céu, se estampa
Para olhar a pampa’a dormir e sonhar?
Elevo, em silêncio, em meio à quietude,
A prece dos rudes ao Patrão dos pais;
Pra quem tem um pingo, um rancho e saúde,
Nem é atitude querer muito mais;
Mas peço que, um dia, meu rancho se cubra
De uma luz tão rubra quanto o sol que vai,
E o amor se faça, num colo moreno,
De suor e sereno da noite que cai.
REFRÃO (bis)
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