A Estrela Torta da Espora
Taí a Dona Vaneira (2014)
Grupo Querência
(Gujo Teixeira/Éverson Maré)
A estrela torta da espora, boca da noite desceu cadente
Metendo os dente' contra as costelas do colorado
Fechou o céu, escureceu, eu firmei meu posto
A contragosto, que eu vinha lindo, de chapéu tapeado
Quem que mandou querer por conta desencilhar
Sem me deixar nem "apeiar" ou descer ligeiro
Foi resolver, mais outra vez, arrastar minhas garra"
E agora, por farra, vai me levar que eu sou caborteiro
Meu colorado às vez' parece que esquece a doma
Quando se assoma com a alma ruim dos potro' veiaco'
Um dia desses, me errando o coice, se estendeu pra fora
Me entortou a espora do pé direito e arrancou um taco
Agora eu vinha num tranco estradeiro, de bota nova
Primeira sova, couro de capincho, "cosa" bem feita
E o colorado mudou o trancão e agachou o toso
E, por baldoso, entortou de novo a espora direita
Mas hoje a história, por bem ou mal, já foi diferente
Firmei os dente', uns sete ou oito dos que restaram
Contra a barrigueira e o couro grosso do colorado
E, de chapéu tapeado, abanei o pala pra os que olharam
Mais aí que a sorte de quem se estriva vai água abaixo
Foi-se o barbicacho e o chapéu tapeado boleou pro chão
E o colorado ainda pisa a copa do meu aba larga
Daí, sim, fiz carga e entortei a outra, firmando o garrão
Meu colorado às vez' parece que esquece a doma...