Caborteira
Nos Festivais (2009)
Jean Kirchoff
(Carlos Omar Villela Gomes/Jean Kirchoff)
Caborteira, alma em pelo
Paixão de terra molhada
Um temporal por sinuelo
E um ventre de madrugada
Retoça, pechando o vento
Se esquiva por desconfiada
Somando um breu de silêncios
No peito em que fez morada
Caborteira, estranha lonca
D’onde tenteio meus dias
Os sonhos que o mate ronca
Se fazem pranto e poesia
Caborteira, luz e crina
Olhar de adaga certeira
Um pealo que desatina
Criando a dor mais coiceira
Seu tranco é poço malino
Perau de águas traiçoeiras
Mostrando todo o destino
Que nega, por caborteira
Caborteira, gavião mouro
Em revoada mortal
Meu coração, sumidouro
Foi sua presa ideal
Perdi querência e caminho
E tudo num golpe só
Estranha flor, toda espinhos
Que só floresce no pó
Caborteira, eu fui covarde
E quis lhe botar maneias
Sem saber que a liberdade
É a vida que caborteia
Caborteira, luz e crina...