Castração a Pealo
Nem Pisoteando Não Morre (2012)
Paulo Garcia
(palito portela)
levantando poeira o sinuelo berra
batendo o cincerro sobre o pastoreio
refuga o mestiço e vem golpeando o laço
cincha o meu picaço atirando o freio
cevei o meu mate bem de madrugada
comecei a lida do clarear do dia
num fundão de campo a gritar com a boiada
pra vir pra mangueira numa manhã fria
turuno, brasino, arisco e ligeiro
atira os pucheiros no meu cusco amigo
garroteando a tropa no berro e no coice
arrojado e valente a camperear comigo
quem tem fé no braço, armada pachucheira
retumba o guascaço sobre o tirador
já cai acarcado ao centro da mangueira
pronto pra peixeira do peão castrador
ao cair a tarde ´garrei a cordeona
e fiz a chorona ecoar no espaço
depois encilhei uma égua lazona
me fui pra mangueira dar um tiro de laço
levantei o braço e mandei o trançado
pealei um zebu que já tombou berrando
em poucos segundos levantou castrado
rebatendo o chifre, saiu tropicando
a cachaça na guampa reluz a memória
vai ficar na história o que eu fiz aqui
me disse o patrão, faça pra mim agora
um verso pra estância itacurubi
se de mão em mão a canha vai e vem
os bagos na cinza é só bater o tição
castração a pealo, outra igual não tem
este é o ritual aqui do meu rincão