Razões de Ser
Razões de Ser (2005)
Lisandro Amaral
Meu sonho toreou na estrada muito
Aguaceiro.
Por ter alma de poncho, se fez
Tropeiro!
Aos olhos brancos da lua rondou
Ausências de ti
Sabendo que o fim da estrada-é longe
Daqui.
Bocal sovado no queixo de um mouro
Pampa,
Empurra um resto de vida que é tropa
Larga...
As duas cruzes de espinhos, na espora
Falam por si
E sabem que o rancho dela – é longe daqui.
Temos as mãos do tempo,
Sou irmão de tantos, que andaram-
Sem norte
Seguindo tropas de tantos senhores
E agora changueiam vida nos
Corredores...
Será a saudade o terço dos deserdados?
Será um corredor o céu de quem se perdeu?
Terá, no altar do campo, uma cruz cravada
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?
Meu sonho plantou nos olhos muito aguaceiro,
Por ter alma tropeira, acendeu luzeiros!
Aos olhos baios do sol, clareou
Ausências de ti
Buscando razões de ser e estar aqui...