Entardecer
Coletânea (0)
Leopoldo Rassier
Um matiz caboclo
pinta o céu de vinho
pra morar sozinho
todo o pago é pouco
todo o céu se agita
o horizonte é louco
num matiz caboclo
de perder de vista
amada,
amada,
por viver sozinho
não me apego a nada
o minuano rincha
nas estradas rubras
repontando as nuvens
pelo céu arriba
o sol poente arde
em sobrelombo à crista
quando deus artista
vem pintar a tarde
amada,
amada,
por viver sozinho
não me apego a nada
um matiz de chumbo
predomina agora
vem chegando a hora
de encontrar meu rumo
ao seu olhar lobuno
mais além do poente
onde vive ausente
meu sonhar reiúno
amada,
amada,
por viver sozinho
não me apego a nada