Domador Louco
Rodeio de Marca Grande - O Bandoneon dos Galpões (2017)
Ênio Medeiros
Enio Medeiros / Rogerio Villagran
Parece que eu fui parido com um mango enfiado na mão
Tirador meia canela chilena riscando o chão
Inforquiado num pasto e um sombrero bem tapiado
Pataquero e topetudo pos me esperavam no mundo
Cum potro de queixo atado
Truchi bocal e maneia, um maneador e buçal
Arreio e corda bem forte que é pra lidar com bagual
Espora de sete dente pra ginetiar o destino
Que deus reserva pros home fui desenhando o meu nome
Nas paleta de um teatino
Quero aprendê desenhá o nome, mas não quero ser dotô
Quero chegá numa estância me ajustar de domador
Onde tenha potro xucro só de raça caborteira
Que num coice apague o rastro que saia arrancando pasto
Troque de lado as basteras
Só quero todos veiáco, coicero e manoteador
Que tenha cósca na boca empacado e boleador
Que sejam todos bocudo, me canse o braço gorpiando
Que custe a ficar sujeito que calce o queixo no peito
Que caia e fique roncando
Eu só não escoio o pelo, pos nenhum se bota fora
Que ande só de lombo duro se assustando das esporas
Boto pra enfrená a potrada quando o inverno vié chegando
Que chuva e frio não me estrova pra vê na segunda sova
A potrada corcoviando
(por isso eu vivo contente na estância onde estou ajustado
E sou pior que dor de dente no lombo dos aporreado)
Contribuição: Nelson de Campos