Tapera
1º Vol (0)
Timbre Gaúcho
Vertente de água, um matinho nos fundo
casebre por fundo, que os oitões caíram,
parece mentira, meu primeiro lar,
volto a visitar, o meu peito suspira
foi lá que mamãe entregou a papai,
um amor sonhado que tanto esperava
por isso essa dor do peito não sai,
ao ver a tapera que os velhos moravam
naquele matinho na costa da sanga
eu comia pitanga e armava arapuca
ali se escondia nosso boi de canga
mugir no arado ferrão de mutuca
a fonte de água parou de correr
chorei por não ver os meus pés de fruteira
o coqueiro alto que eu comia coco
ainda vi o toco da guaviroveira
mangueira redonda de vara e tronqueira,
cancha de carreira, que o brejo tapou
a aranha velha de busca parteira,
os pés de fruteira que a terra criou
a ramada grande que o papai mateava
os pés de roseira que mamãe plantou
a horta de couve que eu tanto cuidava
e o forno de barro feitio do vovô
me fui nesse trote chasqueiro do tempo
deixei muito longe minha infância pra traz
botei na garupa do meu pensamento
revendo a tapera dos meus velhos pais
o que a terra cria esse tempo transforma
e jamais retorna do jeito que era
no mundo agitado a vida não espera
adeus meu passado, querida tapera