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A Voz Do Pago

A Voz Do Pago (2011)

Pedro Neves

(léo ribeiro/pedro neves)

o dedo de matar piolho bateu no sul do pandeiro
e os purso do gaiteiro forcejaram num trancão
te agarra, peão, te agarra que o baile tá começando
e dê-lhe gente pulando a cerca de varejão

É no salão da pretinha, no ventre de um taquaral
este entrevero social que aquenta a noite fria
os bugres dançam de trinta batendo cano com cano
são vinte e poucos paisanos pra oito ou nove guria´

e a gaita, que é voz do pago, reponta sonhos perdidos
trazendo o mundo florido pra quem tá meio na mão
o toque de uma cordeona enseja contentamento
e a gente viaja no tempo sem tirar os pés do chão

em riba das quatro e meia um brodo de galo novo
É distribuído pra o povo ir aguentando o tirão
e quando, por pouca coisa, de briga soa o alarme
um taura grita, se acalme, nós somos todos irmão´

naquele tendel medonho de bate casco e poeira
uma bugrada faceira atora a noite de abril
oigalê, rio grande velho que lasca, mas não termina
dos bailes de lamparina nestes fundões do brasil

e a gaita, que é voz do pago, reponta sonhos perdidos...


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