Portas do Sonho
Cantares de Achego (1984)
Mário Barbará
Quando abro as portas do sonho
Sinto o gosto de liberdade
Pés descalços, camisa aberta
Mesas postas pelas varandas
E uma dor roendo meu peito
Se fazendo sem ter razão
Deve ser a dona alegria
Campereando pelas coxilhas
Entre avencas e samambaias
Pelas sangas, abrindo trilhas
Maneirosa dona alegria
Redomando meu coração
(Geme gaita, chora, a viola corta
Firme punhal de prata
Espanta o medo, abre asas
E voa livre o meu coração)
Quando abro as portas do sonho
Sopram ventos de rebeldia
Trovoadas, raios e medos
Ferve o sangue em meio aos receios
E depois em calma e riso
Faz-se o canto paz e aconchego
Me levando feito magia
A lugares que não sei mais
É a vida em seu galope
Me envolvendo redemoinho
É punhal que, se crava lento
E abre em festa meu coração
(Geme gaita, chora, a viola corta
Firme punhal de prata
Espanta o medo, abre asas
E voa livre o meu coração)