Baile do Gringo
Semente da Tradição (2005)
Grupo Oh de Casa
Na estrada que corta o campo
Cruza perto do antigo povoado
E o meu zaino troteando faceiro
Relinchando, costeando o alambrado
Eu nem desço pra abrir a porteira
O meu pingo já esta acostumado
Chego lá no bolicho do Zeca
Onde paro pra jogar um carteado
Tomo uns trago e a lua mostra a cara
Já tô pronto pra arrastar o pé
No fandango do rancho do gringo
Tem bastante cachaça e muié
Pago a entrada e nem quero o meu troco
E aparto a mais linda, se der
Meto um álcool na veia e me atraco
Na vaneira, xote e chamamé
Nesses bailes de fundo de campo
Apropriado pra arranjar cambicho
Chinas lindas, destas temporonas
Que chacoaiam as cadeiras num xixo
Que depois de um liso de canha
Tenho amanhã e no más não me mixo
Já me atiro, se alguma se assanha
No entrevero, danço tipo bicho
E a minha adaga eu nem tiro do cinto
Lá no gringo conhecem esse toro
Ela é meu seguro de vida
Quantas vezes defendeu meu coro
Quando bufa ao redor do meu braço
Índio macho até pede socorro
Bochincheiros conhecem o meu tipo
Calço o pé na macega e não corro
Faço tudo pra não ver peleia
Mas também não me pisem no pala
Que eu me avanço nas minha ferramenta
Me catuzo num canto da sala
Balanceio o ferro pros dois lados
Índio vil, de medo perde a fala
Só se vê o clarão do candieiro
Que entre a poeira e a fumaça, se embala
É um vício de fim de semana
Pra um gaúcho bem taura e campeiro
Que depois da lida da campanha
Sol a sol trabalhou o tempo inteiro
Pra aliviar o cansaço da vida
Bota as garras no zaino parceiro
A procura de um baile no pago
No garrão deste sul brasileiro
(João Carlos A. Portela)