Vai Por Mim
Essência Gaúcha (2007)
Grupo Oh de Casa
(Édio Bilhalva/Lucio Borges de Moraes)
Quando vejo um homem grande, se estou por perto, me calo
Mas também os mais pequenos fiquem quietos quando eu falo
Lambari nunca foi peixe, petiço não é cavalo
Guaipeca não é cachorro e nanico nunca foi galo
Tem gente com pretensão de ser maior do que é
O sapo só anda aos pulos, lagarto não anda em pé
Eu não quero que a minha boca iguale à do jacaré
O homem da fala fina, nunca tive muita fé
Artista de todo o porte, de tarde, ao fim de uma festa
Só se vê índio mamau, chapéu tapeado na testa
Nessas altura do jogo, só um pensamento me resta
Nego bom fica de fora, quem se mistura não presta
Não sou mais do que ninguém, mas também nunca me mixo
Tomar os pés pelas mãos é pra maula sem capricho
E tem qüera tão errado que até pra encilhar o bicho
É capaz de pôr o freio lá no lugar do rabicho
De acordo com a lei divina, ninguém é mais que ninguém
Lugar de palhaço é no circo, linha não é só pra trem
Cada um leva sua vida do jeito que lhe convém
Cachorro, quanto mais magro, mais sarna e pulga eles tem
Chimarrão frio não se serve, fervendo espanta a visita
Não se ata o pingo da cerca, em burro não se facilita
Com chinoca lambanceira, falar segredo se evita
Pois quando é pra falar baixo, aí mesmo é que ela grita
Borrachão só tem um tipo, botija não tem pescoço
Faca sem cabo é curtijo, banana não tem caroço
Cobra não usa pulseira, minhoca é carne sem osso
É coisa que estraga o homem é querer ser fino e ser grosso