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Chapéu de Palha

Noites, Penas e Guitarra (1982)

Luiz Carlos Borges

Da palha, da espiga, do milho maduro
Mulheres pacientes faziam chapéus
Da aba bem larga, redonda figura
Fiéis miniaturas das fraldas do céu
A copa era anseio de tranças macias
Sinchado na rincha das fitas de cor
Quem sabe se um cerro olhado de longe
Vestido de ouros na luz do sol pôs

Chapéu de palha que abriga e apazigua brigas
Quem colhe espigas para o bate do pilão
Sombreando o rosto de quem sabe olhar a frente
Mãos que sementes para o trigo e para o pão
Chapéu de palha para o sol e para as chuvas
Cestas pra uvas no improviso de quem quer
Brindar com caxos vindiveiros e maduros
Os lábios puros de uma boca de mulher

Por sobre os cabelos prendidos nas tranças
A trança da palha ameniza verões
Eral de cá estampa no escudo de armas
Do sangue migrante mesclado em brasões
Crianças e velhos, a moça e o moço
O povo da enxada que a serra domou
Com chapéus de palha, trancita de herança
E o sangue dos vinhos nas almas timbrou

Chapéu de palha que abriga e apazigua brigas
Quem colhe espigas para o bate do pilão
Sombreando o rosto de quem sabe olhar a frente
Mãos que sementes para o trigo e para o pão
Chapéu de palha para o sol e para as chuvas
Cestas pra uvas no improviso de quem quer
Brindar com caxos vindiveiros e maduros
Os lábios puros de uma boca de mulher


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