Xucro de Viamão
Temperando (1996)
Luiz Carlos Borges
Eu não me importo com o cheiro da fumaça
E acho graça do vento frio no rosto
Porque o campeiro sabe onde mora a caça
E quem tem raça não pode dormir no posto
Sabedoria não se compra em bolicho
E não é nicho muito fácil de encontrar
Quem tem o cavalo sabe onde vai o rabicho
Quem quer cambicho sempre sabe onde encontrar
Só não me aperte q eu sou meio cestroso
Bicho manhoso criado lá no fundão
Eu sou do campo sou humilde mas sou livre
Porque é assim q vive um xucro de viamão
Não vem de bico que eu não gosto da mutuca
Nem me cutuca q sou bagual
Que coisa linda ser tratado c carinho
Porque um pouquinho de respeito n faz mal
Eu sou do tempo que o uruguai era banhado
E gado alçado era normal
No mundo novo me sinto meio perdido
Eu fui parido la na velha capital
Eu me acordo na hora que canta o galo
Que o meu cavalo dá o primeiro relincho
Abro picada, corto lenha, faço valo
E curo calo porque eu mesmo me destrincho
Eu acredito em benzedura e simpatia
E não tem dia que eu não faça uma oração
Eu tenho alma de uma figueira sombria
E a energia da gente do meu rincão
Só não me aperte q eu sou meio cestroso
Bicho manhoso criado lá no fundão
Eu sou do campo sou humilde mas sou livre
Porque é assim q vive um xucro de viamão
Não vem de bico que eu não gosto da mutuca
Nem me cutuca q sou bagual
Que coisa linda ser tratado c carinho
Porque um pouquinho de respeito n faz mal
Eu sou do tempo que o uruguai era banhado
E gado alçado era normal
No mundo novo me sinto meio perdido
Eu fui parido la na velha capital