À Cavalo na Sorte
Do Rio Grande Antigo (1997)
Os Monarcas
É na doma que se apega a fúria com a valentia
O domador não tem trégua enquanto égua der cria
Quem monta deve saber que a doma não tem retovo
Se cair pode morrer, se viver monta de novo
Ando a cavalo na sorte, sem norte sem adereço
Não negocio com a morte, porque a vida não tem preço
Eu sei que um dia me vou, mais ainda é muito cedo
Tenho potros prá domar, na Província de São Pedro
(Gineteando talvez morra na desforra de amansá-los
Minha vida é uma gangorra no lombo desses cavalos
Minha vida é uma gangorra no lombo desses cavalos)
Lá nos vamos campo afora, corcoveando ao Deus dará
Quanto mais lhe cravo a espora mais corcovio o bicho dá
Beija o céu cutuca o chão que sobe e desce danado
É triste a vida do peão no lombo dum aporreado
No lançante morro abaixo a morte me pisca o olho
É aí que um índio macho coloca a barba de molho
Aposto tudo na sorte nesta disputa renhida
O diabo amadrinha o morte, mas Deus me protege a vida